No momento, você está visualizando Reforma Agrária e o Brasil Potência no Agro

Reforma Agrária e o Brasil Potência no Agro

Brasil em Terra Fértil: Reforma Agrária, Potência Agro e a Nova Era da Inclusão Produtiva

Por Priscila Campos
CEO do Grupo International, Conselheira de Multinacionais, Especialista em Expansão Global e Desenvolvimento Sustentável


O Brasil vive uma das mais decisivas encruzilhadas de sua história econômica e social. Ao mesmo tempo em que se afirma como potência agroexportadora, ocupa um lugar desconfortável entre os países com maior concentração fundiária do mundo. Em meio a recordes de produção e exportação, ainda convivemos com milhares de famílias sem acesso à terra, e milhões de hectares improdutivos.

Neste cenário, a reforma agrária ressurge não como um resgate do passado, mas como um caminho estratégico para o futuro. Não se trata mais de distribuir hectares, mas de redistribuir oportunidades — com base em tecnologia, governança e inclusão produtiva.

Este artigo propõe uma visão atualizada da reforma agrária como instrumento de geração de valor econômico, justiça territorial, fortalecimento da mulher no campo e aceleração de investimentos sustentáveis. É um chamado à ação para líderes, investidores, empreendedores e agentes públicos que desejam não apenas entender o novo Brasil rural — mas fazer parte dele.


  1. A Potência Agro em Construção

Com um volume superior a US$ 165 bilhões em exportações agrícolas em 2024, o Brasil consolida sua posição como um dos principais fornecedores de alimentos do planeta. A força da soja, do milho, da carne bovina, do café e do açúcar não está apenas nos números: está na confiança dos mercados internacionais e na resiliência de sua cadeia produtiva.

O agronegócio representa mais de 23% do PIB nacional, emprega cerca de 28 milhões de brasileiros e contribui decisivamente para o equilíbrio da balança comercial. Mas essa potência ainda é incompleta: o agro que exporta precisa dialogar com o Brasil que planta para sobreviver.


  1. Reforma Agrária: Da Redistribuição à Geração de Valor

A reforma agrária deixou de ser uma agenda puramente social para se tornar uma agenda econômica de primeira ordem. Trata-se de:

  • Corrigir distorções históricas de concentração fundiária;
  • Otimizar terras improdutivas com planejamento e assistência técnica;
  • Incluir novos produtores na base econômica nacional;
  • Ativar economias locais por meio da agricultura familiar e da agroindustrialização regional.

Dados recentes mostram que mais de 120 mil famílias aguardam por regularização fundiária, enquanto milhares de hectares permanecem sem uso produtivo. Iniciativas como o programa federal “Terra da Gente” mostram um novo compromisso com a redistribuição de terras, mas a escala e a continuidade dessas ações são fundamentais para o impacto sistêmico.

Investir na reforma agrária é investir na ativação econômica de territórios adormecidos.


  1. Agtechs e Inovação: A Nova Chave para a Produtividade Rural

A revolução digital chegou ao campo. Startups de tecnologia agrícola — as agtechs — estão quebrando paradigmas e tornando viável o acesso à inovação por pequenos e médios produtores.

Empresas como:

  • Solinftec: com robótica aplicada ao manejo inteligente de lavouras;
  • Grão Direto: com plataformas digitais que aproximam produtores e compradores;
  • Agrolend: com soluções de crédito acessível para quem historicamente foi excluído do sistema bancário;

… provam que a reforma agrária não precisa ser sinônimo de baixa produtividade. Pelo contrário: ela pode ser a nova fronteira de inovação aplicada.

Integrar tecnologia à distribuição de terras é a estratégia capaz de romper com ciclos de pobreza rural e alavancar a competitividade do país.


  1. O Protagonismo Feminino no Campo

A mulher brasileira é, hoje, a força silenciosa que move a terra com sabedoria, resiliência e estratégia.

Mais de 1 milhão de propriedades rurais são lideradas por mulheres, segundo a FAO e o IBGE. E nas áreas de reforma agrária, esse número é ainda mais expressivo: mulheres são maioria nas decisões de base, na produção de alimentos, na gestão coletiva e na construção da economia solidária.

O futuro do campo passa pelas mãos femininas.                                        .
Empreendedoras, líderes comunitárias, agricultoras, cooperadas, elas têm se destacado pela organização, pela adoção de boas práticas ambientais e pela integração em redes de comercialização.

Fortalecer políticas públicas com recorte de gênero é multiplicar resultados e consolidar um novo perfil de liderança no campo brasileiro.


  1. Oportunidade para Investidores e Líderes Estratégicos

Estamos diante de uma nova fronteira de investimento e transformação.

A integração entre:

  • Reforma agrária com foco em inclusão e produtividade;
  • Inovação tecnológica rural via agtechs;
  • Fortalecimento da mulher como gestora e produtora;
  • E políticas públicas sustentáveis;

… cria uma plataforma robusta para investidores que buscam impacto social com retorno econômico.

Empresas, fundos de investimento, bancos de desenvolvimento e cooperativas têm, neste cenário, a chance de participar ativamente da construção de uma economia rural moderna, rentável e equilibrada.

O Brasil não precisa escolher entre crescimento e equidade. Ele pode,  e deve entregar ambos. E fazer disso um diferencial competitivo internacional.


Priscila Campos
CEO do Grupo International. Conselheira estratégica de multinacionais, com atuação em mais de 29 países. Especialista em estruturação de negócios, implantação de empresas estrangeiras e desenvolvimento de projetos rurais sustentáveis. Voz ativa no incentivo à equidade de gênero e à inclusão produtiva no campo brasileiro.

Deixe um comentário